Foi em 2015, mas parece que foi ontem, e de uma maneira estranha parece que foi há mais tempo.
Hoje peguei no cartão, que anda sempre comigo para verificar o ano. É um cartão com uma imagem do Santo António, que foi alvo de tantos apelos, e chamado carinhosamente de Santo Antoninho tantas vezes.
Os remorsos esses estão cá a mesma, e estarão para sempre, por não ter estado presente no final da vida, mas ao mesmo tempo estive mais presente que qualquer presença física pode conseguir estar.
Nestes anos foram-se acumulando tantas histórias que não foram com ela partilhadas, tantas peripécias, tantos projetos que foram avante a outros que nem por isso mas que aos seus olhos iriam ser alvo de perguntas incessante e de exploração aprofundada. Era a nossa “coisa”, fazer do mais pequeno pormenor, o maior promenor do mundo.
Fomos a companhia uma da outra tanto tempo, ela no cadeirão dela, e eu deitada naquele sofá velho. Ao telefone, a poucos kms de distância, ou a milhares. Os nossos silêncios tinham voz e eram tão familiares, tal apreciados e eu dava tudo para poder falar com a minha avó só mais uma vez, ou apenas ficar no silêncio na presença dela.
Foi avó, foi uma amiga, a melhor amiga que eu alguma vez tive.
Tantas Saudades...
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