Uma noite calma.
Finalmente uma noite calma.
Entre ter obras no prédio de dia, obras na rua à noite e trabalhar por turnos... Achei que enlouquecer!

Yeeeahhh... :)

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Só falta um turno para entrar de férias!...

E eu a pensar que ia ter férias na primavera... Afinal estamos em pleno inverno.

Hoje vou ver:

Dear John

imagem: google.com

Comecei a trabalhar por turnos. Até aqui, só boas notícias.

A má notícia é que sou meio azarada.

Sempre que faço gardes ou noites, tenho sempre urgências, encomendas de material, tenho de ligar para laboratórios, etc...

Embora veja estes momentos como momentos de aprendizagem, não posso deixar de salientar que entre outras coisas, na primeira noite tive uma intervenção que se faz de ano-a-ano, e na segunda noite uma que se faz de dois-em-dois, segundo os colegas. Aprendizagem, pois claro.

A parte chata desta história toda nem é eu por vezes não conhecer os materiais, nem os passos das cirurgias, essa parte arranja-se sempre solução. É mesmo o facto de ter colegas que dão uma palmadinha nas costas e dizem: dás mesmo azar, é raro cá fazermos isso!!

E eu tenho ali uns míseros segundos que chego a sentir pena de mim: és mesmo azarada!

E depois há aqueles momentos em que o meu telefone de urgência toca e me sinto apoderada por um pensamento: Oh não, o que será agora??

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Momentos de Fraqueza #3

Há dias que custam a passar.
Ontem custou especialmente.

A minha avó fez 86 anos, juntou-se a família toda em casa dela a comemorar ao almoço.Já perdi o Natal e agora os anos dela. Fico com a sensação que posso não ter mais oportunidades de festas com a sua presença.

Ao jantar o meu irmão juntou amigos e os primos para celebrar o aniversário dele que é hoje.

E eu saí para jantar em casa de uma amiga, às 21h já estava em casa e passei o resto do serão a ver séries, sozinha.

Quando oiço alguém defender que "a vida de emigrante é que é bom", não consigo deixar de discordar. Especialmente em dias como estes.

Dizeres da minha avó #1

“Quem não ama corre mundo,
Anda sempre ao Deus dará.
Quem tem um amor profundo,
Nem anda, nem corre mundo,
E vai ficar onde está.”

(Popular)

seis meses

Faz amanhã seis meses que cheguei a França. Meio ano.

Não posso dizer que passou depressa.

Sofri muito quando cá cheguei, quando me vi cá sozinha sem a minha família, sem as minhas amigas (nunca tive muitas, mas as que tenho, tenho), sem as minhas coisinhas, o meu carro... Como eu tenho saudades do meu carro.

Tive muitas noites que adormeci a chorar, acordei a chorar e durante o dia no trabalho sempre com um sorriso na cara, que o sentia como cristal que ao mínimo toque, partia.

Nunca achei que conseguisse cá ficar um mês, quanto mais dois, três, seis. Achei que ia desistir à primeira contrariedade. (sempre me achei mesmo uma fraca). Acontece que desde que cá cheguei tive muitas contrariedades. Não as teria conseguido ultrapassar sem a ajuda da minha mãe, que esteve sempre a km de distância a apoiar e a acompanhar todos os passos.

Não é fácil estar aqui. Tenho dias que me sinto a asfixiar, como se o ar todo do mundo não me chegasse. E é incrível quando o avião aterra em Portugal parece que o ar é mais leve e que, quase posso jurar, sinto-me 20 kg mais leve.

Neste momento continuo a não gostar de aqui estar. Continuo a desejar vivamente que a situação toda de portugal mude, para que eu volte, embora eu saiba que mesmo que a situação mude, eu vou cá continuar alguns anos. Aqui ou noutro lado qualquer. Mas apesar disso tudo, aprecio o meu cantinho, a minha casinha decorada a meu gosto, o meu trabalho.. tudo o que conquistei até aqui. Vá, já foi pior. Já tenho outros pontos de interesse, ocupações. Já me estou a habituar a esta vidinha.

Ontem tive uma noite feliz.

Jantámos.  Bebemos. Rimos.

Não me lembro, desde que vim para aqui morar, de um único momento em que não me sentisse como uma "desterrada". Ontem à noite foi o contrário: senti-me mais perto de mim, senti-me feliz!


* Quando digo que bebi, referencio aqui que bebi cerveja Super Bock!! yeeii

Porra pá.

Eu devia ser mesmo filha de pai rico.

Não há nada mais terapêutico que fazer compras.

(mesmo que tenha sido só uma almofada)

Aqui vive-se um dia de cada vez, embora cada hora que passa seja vivida com angústia.

Só espero um dia encontrar a paz de espírito que eu tanto preciso.

Mães

As nossas mães são insuperáveis, infalíveis e invencíveis. As nossas mães são artistas de circo.

Com passes de mágica, são capazes de transformar trastes velhos em tesouros novos, sapatilhas rotas em sapatos de dança. Sabem truques de malabarismo para conseguir equilíbrios que ninguém sonhava. Com passes de alquimista, transformam as sobras do jantar em manjar celestial.

Sabem poções para curar males de amor e feridas nos joelhos, só com um beijinho e um sopro levezinho. Acendem o escuro sem precisar de botões. Cantam desafiando todos os papões e mais alguns perigos, sem microfone nem teleponto. São palhaços bons. Contorcionistas de movimentos precisos. Coreógrafas das nossas danças incipientes e desastradas.

Houdinis teletransportados que, num instante, estão em casa e no minuto a seguir nos esperam à porta da escola. Divas numa ribalta forrada de azulejos e de baton, salto alto e avental encostadas ao fogão de encastrar como se se preparassem para subir a um trampolim.

Rufem, tambores!, a minha mãe-maravilha está no seu camarim!

E se um dia não houver espectáculo?... Foi um avc. Ficou demente. Paralisou. Lentamente. Agonizante. Junto à cama uma cartola cheia das nossas lágrimas. E apesar de teimarmos - ”mas a minha mãe é invencível!” - o pó acumula-se sobre as lantejoulas.

As mães deveriam morrer com palmas. Ou desaparecer no apagar das luzes. Ou a colher flores no jardim.

  　

Graça Rodrigues

Já tenho uma televisão!!

Todos me diziam que uma televisão faz falta: a informação, a companhia...

É isso a companhia... Qualquer dia convido-a para jogarmos à bisca dos 7!!!

Sim, é mais ou menos isso!!

Folga

Hoje estive de folga.

Acordei tarde mais tarde que o habitual, tomei o pequeno almoço e saí. Fui ter com uma amiga. Bebemos uma café Delta (cara de espanto sff, em França é difícil encontrar café minimamente bom).

Fui a um curso de francês. Fui elogiada por falar tão bem, estando cá há 5 meses (!!!! optimamente bem, cada tiro ao lado, valha-me Deus)

Fui ao centro comercial passear. 

Volta a casa: 5 minutos para a dose de pena diária chamada "chego a casa e não está cá ninguém à minha espera". 

Respira-se fundo, toma-se banho et voilá.

Preparo-me para ver a série Revenge, que estou a adorar.

Assim se passa um dia.

Assim se passaram 5 meses.

Assim se passará o próximo ano.