quinta-feira, 24 de julho de 2014

Os aviões

Há bocado na varanda, sentada vi passar os aviões, não consegui deixar de lembrar aqueles três meses que vivi num apartamento que mais me parecia uma gruta.

Sempre fechada naquele t0 de decoração triste tal como o meu coração. 

Sem vontade de descobrir o que me rodeava. Sem vontade de me abrir ao mundo. O pensamento sempre em casa e na minha tristeza. 

Recordei os dias em que adormeci a chorar e que assim acordei. O dia em que guardei as fotografias espalhadas porque não suportava olhá-las. O dia em que decidi não falar mais pelo skype porque não aguentava mais ver as caras do outro lado e os espaços que me faziam recordar o que era sentir em casa.  Recordei igualmente as noites passadas a ouvir os aviões e a pensar quando seria  eu a ir a casa. A minha vez. 

Não deixei que este pensamento durasse muito. 

Olhei para dentro. 

Vi a minha casa que é exactamente igual à outra mas não mais uma gruta fechada e triste. As fotografias espalhadas, a minnie a brincar e naquele mesmo instante recebi uma msg do Stephane. 

Em menos de dois anos mudou tanta coisa. E em menos de dois anos eu mudei tanto. Nós dois casos positivamente eu acho. 

Os aviões são os mesmos. Oiço-os menos. Há dias que não os oiço mesmo. 

Bloquei "os aviões" e o que isso significava na minha cabeça. Embora quando os vejo ou oiço há coisas que nunca mudam: quando irei novamente a casa??

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