domingo, 22 de fevereiro de 2015

Devia ter aí os meus cinco ou talvez seis anos e a minha avó caiu. Caiu porque tropeçou à entrada do barracão da minha tia no sítio onde se encaixam no chão as tranças do portão. 
Lembro-me que caiu e ficou sentada no chão a rir a gargalhada, embora eu tenha ficado em pé a chorar. 
Perguntou-me porque chorava, e eu respondi que chorava porque a avo caiu. 
Sempre assim, com aquelas gargalhadas e com sentido de humor. Ria com facilidade e via tudo com positivismo. 

Sempre me lembro de a ter como um ser frágil, de vidro mesmo. 

Deambulava com as canadianas que mais tarde deram lugar ao andarilho e posteriormente à cadeira de rodas. 

Malditas pernas. Era mulher para ter feito kms se a tivessem deixado. 

Dizia que nos sonhos dela nunca tinha dores nem dificuldade a andar. Que se mexia bem. 

Espero que esteja ela onde estiver esteja a lavar roupa no rio, como fizera outrora  , ou talvez num baile a dançar uma "moda". 

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