"Esta manha, quando passava o turno, a colega que estava a receber os meus doentes começou a chorar. A chorar porque não ia ter a oportunidade de participar na final do jogo de hockey do filho por ter que trabalhar aos fins de semana. (na nossa instituição, e obrigatório trabalhar pelo menos dois fins de semana por mês.) Ela é a treinadora da equipa do filho e como sempre nesta altura, vê-se obrigada a faltar aos jogos mais importantes para ter que trabalhar.
Ofereci-me então para vir uma hora mais cedo e cobrir o turno para que ela possa ir ao jogo. No fundo não e um grande sacrifício dado que vivo apenas a uma milha do hospital e ao saber disto, a minha colega acabou por aceder após alguma resistência inicial.
Os Enfermeiros fazem parte de uma das classes mais numerosas do mundo e quase de certeza que toda a gente conhece pelo menos um enfermeiro na sua vida.
E embora os enfermeiros consigam muitas vezes reconhecer os benefícios da sua profissão –reconhecer aquele doente que se esta a deteriorar, salvar a vida daquela pessoa, ser um ponto de conforto para os doentes e suas famílias – sinto também que temos uma capacidade inata (e por vezes exagerada) de nos oferecer como “mártires” no “altar da Enfermagem”. Nos meus primeiros tempos como Enfermeira, tinha alturas que detestava tanto pensar na ideia de ter que ir trabalhar que quase pedia para ser atropelada a caminho do trabalho e partir uma perna só para não ter que ir trabalhar nesse dia. Não imaginam a minha surpresa quando comecei a perceber que muitos dos meus colegas mais velhos sentiam exactamente a mesma coisa – Se somos Enfermeiros e NORMAL termos dias em que acordamos de manha e sentimos não ter a forca mental e emocional para suportar tudo o que nos espera no trabalho. E juro que sinto que só outro Enfermeiro pode perceber o que digo com estas palavras.
Ser Enfermeiro é emocional, física e mentalmente exigente, e há dias em que nos sentimos tão em baixo que não nos sentimos preparados para dar tudo o que nos é exigido... Aquela pequena mas “irritante” dor nas costas que não queres reportar aos recursos humanos para que não fique no teu processo e te impeça de obter um novo trabalho; aquele doente com diarreia constante que tens que mudar varias vezes por hora, inúmeras vezes num turno; aquela gripe que apanhaste de um doente; o sentimento de impotência quando a única coisa que podes fazer a alguém que acabou de descobrir que esta em fase terminal e oferecer conforto sem permitir que as lágrimas corram pela tua própria face...Tudo isto e exigente a vários níveis e todos estes doentes podem ser teus em apenas um só turnos.
Se conhecer um Enfermeiro que lhe confessa sentir-se tão em baixo que estão a pensar pedir um dia de baixa, não seja demasiado duro e injusto para eles. Em especial, se tiver um daqueles trabalhos das 8 as 5 com fins de semana livres ou um outro horário maravilhoso deste tipo…Fazer turnos de 12 horas significa perdermos um dia inteiro de qualidade e / ou festividades com a família. Se fizermos um turno de noite, temos que escolher entre dormir e descansar para o próximo turno ou passar algum tempo de qualidade com a família.E se optamos pelo descanso não o deixamos de o fazer com um certo sentimento de culpa por estar a perder esta oportunidade de estarmos com a nossa família, os nosso filhos.
Cada vez que digo a minha sogra que tenho que trabalhar numa festa, feriado ou noite, ela faz questão de me dizer o quão difícil deve ser para o meu marido ter que ficar sozinho nestas hora. E então e eu que tenho que trabalhar, muitas vezes no duro enquanto o resto do mundo esta a festejar?
Ser Enfermeiro significa trabalhar no duro...Principalmente por estarmos cronica e intencionalmente com falta de pessoal apenas para que os hospitais possam ter um pouco mais de lucro. Nos somos os principais cuidadores de pessoas na altura pior das suas vidas…Não nos limitamos a trazer “cobertores e comprimidos” como muitos parecem crer...Somos Profissionais licenciados, altamente treinados, a quem alguns pensam que podem tratar como “escravos”.
Ser Enfermeiro é certamente das profissões mais recompensadoras em termos emocionais do mundo (o mesmo não podemos dizer a nível financeiro).
Mas ser Enfermeiro é também um trabalho realmente duro e nos dias de hoje em que nos querem cortar nos números e no salário, não e difícil perceber que alguns dos nossos doentes não terão necessariamente o mesmo nível de cuidado, a dedicação que merecem e precisam.
Os Enfermeiros sofrem por isto, mas quem sofre principalmente são os Doentes que deles dependem!
Não e humanamente possível tratar com o mesmo nível de qualidade todos os doentes que estão a nosso cargo e estamos a fazer o trabalho de dois ou três enfermeiros por imposição de um qualquer gestor sentado numa secretaria ou do ministro que la o pôs sentado!
Se não quer ser um destes doentes, faca ouvir a sua voz. Envie cartas para o seu hospital de referencia se sente que o numero de Enfermeiros e Auxiliares não e suficiente. Coloque esta questão ao seu medico, a quem governa este pais. Sempre que ouvir sobre medidas para reduzir o numero de Enfermeiros ou as condições que lhe são oferecidas, faca por ouvir e compreender estes Enfermeiros e ajude-os nesta luta!
Se for Enfermeiro, não se esqueça também que os seus colegas podem precisar também de ser cuidados. Se estiver numa posição em que os pode ajudar, faca-o. Tente também não ser tão duro consigo próprio quando o turno terminou e ficaram algumas coisas por fazer. Enfermagem é um trabalho de equipa a ser feito 24 horas por dia!
E se todos perceberem isto, talvez o trabalho se torne um pouco mais fácil para cada um de nos! "
Retirado de: http://diasporadosenfermeiros.com/3/post/2014/04/december-31st-2013.html?fb_action_ids=721574224532103&fb_action_types=og.likes#.U0_8BHlFSXb.facebook
Ofereci-me então para vir uma hora mais cedo e cobrir o turno para que ela possa ir ao jogo. No fundo não e um grande sacrifício dado que vivo apenas a uma milha do hospital e ao saber disto, a minha colega acabou por aceder após alguma resistência inicial.
Os Enfermeiros fazem parte de uma das classes mais numerosas do mundo e quase de certeza que toda a gente conhece pelo menos um enfermeiro na sua vida.
E embora os enfermeiros consigam muitas vezes reconhecer os benefícios da sua profissão –reconhecer aquele doente que se esta a deteriorar, salvar a vida daquela pessoa, ser um ponto de conforto para os doentes e suas famílias – sinto também que temos uma capacidade inata (e por vezes exagerada) de nos oferecer como “mártires” no “altar da Enfermagem”. Nos meus primeiros tempos como Enfermeira, tinha alturas que detestava tanto pensar na ideia de ter que ir trabalhar que quase pedia para ser atropelada a caminho do trabalho e partir uma perna só para não ter que ir trabalhar nesse dia. Não imaginam a minha surpresa quando comecei a perceber que muitos dos meus colegas mais velhos sentiam exactamente a mesma coisa – Se somos Enfermeiros e NORMAL termos dias em que acordamos de manha e sentimos não ter a forca mental e emocional para suportar tudo o que nos espera no trabalho. E juro que sinto que só outro Enfermeiro pode perceber o que digo com estas palavras.
Ser Enfermeiro é emocional, física e mentalmente exigente, e há dias em que nos sentimos tão em baixo que não nos sentimos preparados para dar tudo o que nos é exigido... Aquela pequena mas “irritante” dor nas costas que não queres reportar aos recursos humanos para que não fique no teu processo e te impeça de obter um novo trabalho; aquele doente com diarreia constante que tens que mudar varias vezes por hora, inúmeras vezes num turno; aquela gripe que apanhaste de um doente; o sentimento de impotência quando a única coisa que podes fazer a alguém que acabou de descobrir que esta em fase terminal e oferecer conforto sem permitir que as lágrimas corram pela tua própria face...Tudo isto e exigente a vários níveis e todos estes doentes podem ser teus em apenas um só turnos.
Se conhecer um Enfermeiro que lhe confessa sentir-se tão em baixo que estão a pensar pedir um dia de baixa, não seja demasiado duro e injusto para eles. Em especial, se tiver um daqueles trabalhos das 8 as 5 com fins de semana livres ou um outro horário maravilhoso deste tipo…Fazer turnos de 12 horas significa perdermos um dia inteiro de qualidade e / ou festividades com a família. Se fizermos um turno de noite, temos que escolher entre dormir e descansar para o próximo turno ou passar algum tempo de qualidade com a família.E se optamos pelo descanso não o deixamos de o fazer com um certo sentimento de culpa por estar a perder esta oportunidade de estarmos com a nossa família, os nosso filhos.
Cada vez que digo a minha sogra que tenho que trabalhar numa festa, feriado ou noite, ela faz questão de me dizer o quão difícil deve ser para o meu marido ter que ficar sozinho nestas hora. E então e eu que tenho que trabalhar, muitas vezes no duro enquanto o resto do mundo esta a festejar?
Ser Enfermeiro significa trabalhar no duro...Principalmente por estarmos cronica e intencionalmente com falta de pessoal apenas para que os hospitais possam ter um pouco mais de lucro. Nos somos os principais cuidadores de pessoas na altura pior das suas vidas…Não nos limitamos a trazer “cobertores e comprimidos” como muitos parecem crer...Somos Profissionais licenciados, altamente treinados, a quem alguns pensam que podem tratar como “escravos”.
Ser Enfermeiro é certamente das profissões mais recompensadoras em termos emocionais do mundo (o mesmo não podemos dizer a nível financeiro).
Mas ser Enfermeiro é também um trabalho realmente duro e nos dias de hoje em que nos querem cortar nos números e no salário, não e difícil perceber que alguns dos nossos doentes não terão necessariamente o mesmo nível de cuidado, a dedicação que merecem e precisam.
Os Enfermeiros sofrem por isto, mas quem sofre principalmente são os Doentes que deles dependem!
Não e humanamente possível tratar com o mesmo nível de qualidade todos os doentes que estão a nosso cargo e estamos a fazer o trabalho de dois ou três enfermeiros por imposição de um qualquer gestor sentado numa secretaria ou do ministro que la o pôs sentado!
Se não quer ser um destes doentes, faca ouvir a sua voz. Envie cartas para o seu hospital de referencia se sente que o numero de Enfermeiros e Auxiliares não e suficiente. Coloque esta questão ao seu medico, a quem governa este pais. Sempre que ouvir sobre medidas para reduzir o numero de Enfermeiros ou as condições que lhe são oferecidas, faca por ouvir e compreender estes Enfermeiros e ajude-os nesta luta!
Se for Enfermeiro, não se esqueça também que os seus colegas podem precisar também de ser cuidados. Se estiver numa posição em que os pode ajudar, faca-o. Tente também não ser tão duro consigo próprio quando o turno terminou e ficaram algumas coisas por fazer. Enfermagem é um trabalho de equipa a ser feito 24 horas por dia!
E se todos perceberem isto, talvez o trabalho se torne um pouco mais fácil para cada um de nos! "
Retirado de: http://diasporadosenfermeiros.com/3/post/2014/04/december-31st-2013.html?fb_action_ids=721574224532103&fb_action_types=og.likes#.U0_8BHlFSXb.facebook
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